domingo, janeiro 07, 2007


Amor
a tua voz
e a minha sensação de vácuo

de liberdades paralelas
ontem
esquinas encontradas
no ângulo dos lábios

Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.

Eugénio de Andrade

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Neste momento,
penso em ti e então
quisera me transformar em vento.
E se assim fosse,
chegaria agora como brisa fresca
e tocaria leve na tua janela.
E se tu me escutas e
me permites entrar,
em ti vou me enroscar
quase sem te tocar.
Vou roçar nos teus cabelos,
soprar mansinho no teu ouvido,
beijar a tua boca macia,
o embalar no meu carinho
Mas eu não sou vento...

Agora sou só pensamento e
estou pensando em ti.
E se abrires a tua janela,
eu estou a chegar aí,
agora... neste momento,
em pensamento... no vento

23:50  

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