Diário da Tua Ausência (I)
(Margarida Rebelo Pinto)
"Espero por ti porque acho que podes ser o homem da minha vida. E espero por ti porque sei esperar, porque nos genes ou na aprendizagem da sabedoria mais íntima e preciosa, há uma voz firme e incessante que me pede para esperar por ti. E eu gosto de ouvir essa voz a embalar-me de noite antes de, tantas e tantas vezes, te encontrar nos meus sonhos, e a acalentar-me de manhã, quando um novo dia chega e me faz pensar o quão longa e inglória pode ser a minha espera."
"A minha imaginação fértil reconstrói vezes sem conta a tua imagem abençoada cuja recordação gosto de inventar para meu deleite e consolo nos dias em que a tua ausência se torna mais pesada no meu coração."
"Nunca me acontecera isto antes, pelo menos de uma forma tão intensa e inequívoca. Tenho algum talento para encontrar pessoas com quem descubro quase instantaneamente múltiplas afinidades, mas o que senti naquela noite era diferente, muito mais profundo e, no entanto, infinitamente mais simples. Como se fizéssemos parte da vida um do outro desde sempre e a existência, por uma misteriosa razão, tivesse separado o que devia ter unido. Talvez a minha visão seja demasiado poética, exagerada, mas o amor é isto mesmo, ou se vive sem limites, ou então não vale a pena."
"Sabes o efeito devastador que a tua voz tem em mim, não sabes? Deve ser semelhante ao que a minha tem em ti. Ainda hoje, quando falamos ao telefone, nos deixamos ir na voz um do outro, como se pisássemos a estrada dos tijolos de ouro da Dorothy e dos seus amigos, envoltos num mundo só nosso, onde não há horas nem frio nem noite, só a alegria de duas pessoas que se encontram e sabem que o seu encontro pode mudar as suas vidas para sempre."
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